rabiscos de carnaval

eu lembro

 

- viu, filho? a batata precisa ter brotinho desse tamanho.

- e aí a gente pode plantar na hortinha!

- eu lembra de plantá batata, papai.

- lembra?

- não di agora. da ôta vez. ôta, sabia?

- eu era velho...

- ?!

auto-trepanação

 

eu tô lendo 'provos - amsterdã e o nascimento da contracultura' e fiquei impressionado com o relato do happening de bart huges e sua proposição para a trepanação craniana.

se para o cara o ato tem efeito prático na busca pela consciência dilatada de forma definitiva, eu pensei mais na metáfora que existe no processo de 'se abrir': dá trabalho, dói... mas compensa? às vezes, sim.

a cidade não para

 

a cidade não para, mas não é para qualquer uma ou um.

o (pós-)pensador

 

o (pós-)pensador?

liberdade

silêncios

uma mensagem fofa

 

olha só,

tá até colorido!

agente da passiva

 

um vazio que atordoa...

...e se alivia no apoio do grupo.

gestão e marketing pra espalhar amor por aí e remendar um mundo deformado.

o velho relojoeiro

 

- que dó da laurinha - comenta deus - só sete anos e enfrentando um câncer lascado desses...

- ela até bateu a meta de curtidas no fêice - continua - mas a corrente de orações que disparou no uátis não viralizou.

- eu queria curar a menina - entre a desculpa e a resignação - mas não posso fazer milagre! quer dizer, ela não se esforçou o suficiente.

mas o velho relojeiro já sabia...

- pô, será que a gente não podia...

- caceta - corta o relojoeiro o deus-mercado - já num disse? no pain, no gain - e para si, continua - sujeitinho antiquado e irritante...

...que às leis de deus-mercado eram sábias e inflexíveis. não adianta discutir com ele.