o senhor isófio não gosta de perguntas, mas elas sempre vêm...
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
sonhar alto
talvez eu
seja assim
um tanto quanto
literal.
mas convenhamos
o mundo
não fica assim
de todo
mal.
[q1] sempre me dizem: "você precisa sonhar alto".
[q2] sonhar alto...
[q3] o céu estrelado só pra mim, a fogueira de companhia... sonhar alto?! sim, estavam totalmente certos.
seja assim
um tanto quanto
literal.
mas convenhamos
o mundo
não fica assim
de todo
mal.
[q1] sempre me dizem: "você precisa sonhar alto".
[q2] sonhar alto...
[q3] o céu estrelado só pra mim, a fogueira de companhia... sonhar alto?! sim, estavam totalmente certos.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
as histórias de uma régua
qualquer coisa pode ser tão simples quanto se queira, mas quem é que chega num consenso? você tem um objeto qualquer e ele pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. a relação entre objeto e a pessoa observadora é mediada pela imagem que esta faz daquele, que vai se formando pelas experiências - únicas! - de cada pessoa.
uma régua, uma simples régua, pode ajudar a desenvolver esse assunto e ilustrar um pouco do que estou tentando dizer.
a gente conversa com alguém que tenha algum interesse linguístico e talvez venha a ouvir dela que régua é cognata de regra ou regular, isto é, elas têm um mesmo radical e uma mesma significação comum. talvez dissesse mais: régua vem do latim, regula, que veio do verbo regere (determinar, dirigir, guiar), ligado a rex (rei), mais ou menos o que se espera de um cara com uma coroa.
por causa do rei, quer dizer, da ideia que se faz de um rei, a gente pode puxar a ideia de reino e lembrar que num mundo menos globalizado, cada reino tinha suas próprias unidades de medida. com saltos rápidos nesse intrigante mundo das ideias, passamos da linguística para a física. nas antigas redes sociais, quer dizer, naquelas em que a gente se relacionava uns com os outros ao vivo, sem o intermédio de um computador, os professores da disciplina justificavam a necessidade da criação do sistema internacional porque era tudo uma zona. cada reino tinha um tipo de medida. o que muita gente especula é que algumas dessas unidades de medidas eram baseadas na anatomia do rei: o tamanho do pé, o comprimento da ponta do nariz à ponta do braço...
de qualquer forma, régua é um instrumento de medição e isso me faz lembrar da juliana. não que eu já tenha medido a ju com uma régua, nada disso. a história é um tantinho mais complexa. eu devia estar na sexta ou sétima série, num tempo em que a gente ainda chamava o ensino fundamental ii de ginásio. empresta a régua, pergunta a ju, se voltando pra mim. acho que ela sentava na minha frente na aula de história. aham, respondo, pode pegar aí no estojo. a juliana acha a régua no estojo, mas se volta de novo e fica me encarando. se ainda hoje uma mulher consegue me desconsertar quando faz isso, dependendo da intensidade, imagina quando devia ter os meus doze ou treze anos e um mundo de inexperiências nas costas. devolvendo o olhar, lanço um que foi. o que está escrito aqui, aponta a menina pra régua. eu nem lembrava do que estava escrito, mas com um rápido olhar, respondo um "je", com a incômoda sensação de que não era bem isso que ela estava perguntando.
então é hora da gente se lembrar de como os significados variam conforme as experiências do observador ou observadora. uma pessoa fora do contexto dessa história talvez até achasse peculiar um "je" estar marcado na régua de um erick, mas bem capaz que não daria muita importância ao fato. e essa seria uma atitude bem razoável, já que a régua com "je" era de jefferson, não de um erick. o garoto tinha ido em casa para desenhar com meu irmão e esqueceu a régua lá. eu achei a régua jogada em casa e guardei pra mim. por outro lado, a ju, ainda que esteja nessa história, tinha vivido outras experiência e desenvolveu um processo de significação alternativo.
jota de juliana, e de erick... ela conclui sustentando um sorriso divertido.
na minha época isso era muito comum. a gente começava a gostar de outra pessoa e saíamos marcando as iniciais dos dois por aí. e bem que essa interpretação da juliana podia ser a real: apesar de um pouquinho mais alta que eu (não sei por que, mas via isso como um problema na época), ela era mó gatinha. é só que juliana não era a garota que estava gostando. essa daí sentava perto da gente e não queria acabar com minhas chances se ela ouvisse essa história de erick e juliana na régua. bobo... fosse o erick de hoje, teria um ou outro conselho para o erick de então. por exemplo, teria revertido a situação com algo como: ok, gata, o que a gente faz com isso agora. mas nesse caso, o erick de hoje não seria esse que escreve, não teria vivido essas e outras experiências pra se motivar a escrever essas memórias e reflexões.
ah, sim, se alguém ficou interessado como terminou a história: eu gaguejei e não fui muito convincente sobre a história real, a ju não insistiu, nunca fiquei com ela ou com a bonitinha que já não lembro o nome.
uma régua, uma simples régua, pode ajudar a desenvolver esse assunto e ilustrar um pouco do que estou tentando dizer.
a gente conversa com alguém que tenha algum interesse linguístico e talvez venha a ouvir dela que régua é cognata de regra ou regular, isto é, elas têm um mesmo radical e uma mesma significação comum. talvez dissesse mais: régua vem do latim, regula, que veio do verbo regere (determinar, dirigir, guiar), ligado a rex (rei), mais ou menos o que se espera de um cara com uma coroa.
por causa do rei, quer dizer, da ideia que se faz de um rei, a gente pode puxar a ideia de reino e lembrar que num mundo menos globalizado, cada reino tinha suas próprias unidades de medida. com saltos rápidos nesse intrigante mundo das ideias, passamos da linguística para a física. nas antigas redes sociais, quer dizer, naquelas em que a gente se relacionava uns com os outros ao vivo, sem o intermédio de um computador, os professores da disciplina justificavam a necessidade da criação do sistema internacional porque era tudo uma zona. cada reino tinha um tipo de medida. o que muita gente especula é que algumas dessas unidades de medidas eram baseadas na anatomia do rei: o tamanho do pé, o comprimento da ponta do nariz à ponta do braço...
de qualquer forma, régua é um instrumento de medição e isso me faz lembrar da juliana. não que eu já tenha medido a ju com uma régua, nada disso. a história é um tantinho mais complexa. eu devia estar na sexta ou sétima série, num tempo em que a gente ainda chamava o ensino fundamental ii de ginásio. empresta a régua, pergunta a ju, se voltando pra mim. acho que ela sentava na minha frente na aula de história. aham, respondo, pode pegar aí no estojo. a juliana acha a régua no estojo, mas se volta de novo e fica me encarando. se ainda hoje uma mulher consegue me desconsertar quando faz isso, dependendo da intensidade, imagina quando devia ter os meus doze ou treze anos e um mundo de inexperiências nas costas. devolvendo o olhar, lanço um que foi. o que está escrito aqui, aponta a menina pra régua. eu nem lembrava do que estava escrito, mas com um rápido olhar, respondo um "je", com a incômoda sensação de que não era bem isso que ela estava perguntando.
então é hora da gente se lembrar de como os significados variam conforme as experiências do observador ou observadora. uma pessoa fora do contexto dessa história talvez até achasse peculiar um "je" estar marcado na régua de um erick, mas bem capaz que não daria muita importância ao fato. e essa seria uma atitude bem razoável, já que a régua com "je" era de jefferson, não de um erick. o garoto tinha ido em casa para desenhar com meu irmão e esqueceu a régua lá. eu achei a régua jogada em casa e guardei pra mim. por outro lado, a ju, ainda que esteja nessa história, tinha vivido outras experiência e desenvolveu um processo de significação alternativo.
jota de juliana, e de erick... ela conclui sustentando um sorriso divertido.
na minha época isso era muito comum. a gente começava a gostar de outra pessoa e saíamos marcando as iniciais dos dois por aí. e bem que essa interpretação da juliana podia ser a real: apesar de um pouquinho mais alta que eu (não sei por que, mas via isso como um problema na época), ela era mó gatinha. é só que juliana não era a garota que estava gostando. essa daí sentava perto da gente e não queria acabar com minhas chances se ela ouvisse essa história de erick e juliana na régua. bobo... fosse o erick de hoje, teria um ou outro conselho para o erick de então. por exemplo, teria revertido a situação com algo como: ok, gata, o que a gente faz com isso agora. mas nesse caso, o erick de hoje não seria esse que escreve, não teria vivido essas e outras experiências pra se motivar a escrever essas memórias e reflexões.
ah, sim, se alguém ficou interessado como terminou a história: eu gaguejei e não fui muito convincente sobre a história real, a ju não insistiu, nunca fiquei com ela ou com a bonitinha que já não lembro o nome.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
baseado em fatos reais
uma noite comigo mesmo. já que não deu cinema, deu bar. gosto dessa sensação de ao mesmo tempo estar sozinho e cercado de gente, ouvindo impressões e experiências das conversas que escapam das mesas em volta. vou ajeitando a história em que ando trabalhando no fluxo da cerveja e das ideias que vão aparecendo.
uma ideia aparece. aliás, um maluco cheio das ideias. quer comprar alguma coisa, começa o maluco, estou tentando juntar algum prum beque. não duvido que estava... e vai mostrando seus artigos, a maioria é artesanato. quanto a pulseira, pergunto apontando pra um trançado de barbante amarronzado e endurecido, decorado com uma pedra achatada também marrom. é dez, explica, me entregando a peça para avaliação. então eu vou contando as notas de dois da carteira e o cara desenrola outro assunto enquanto espera. tô vendo aí seu relógio, que será que fez a humanidade começar a medir o tempo, a dividir ele em hora, minuto e segundo, uma pergunta que eu vivo me fazendo. ótima pergunta, respondo, tentando dar um gancho para ver o que ele mesmo pensava sobre isso. não sei se é uma boa pergunta, conclui, o tempo virou mercadoria. ninguém mais tem tempo pro tempo.
novamente, o tipo de pensamento que passo o tempo todo pensando. e após um bom gole de cerveja em que ele não me acompanha, apesar da insistência, provoco: eu acho que não é bem a pergunta que te incomoda, mas a resposta.
o cara não diz nada, mas sua cara diz tudo. vou lá buscar a ganja, acrescenta, metade é sua. eu rio, mas me desculpo. hoje não, parceiro, tô de boa, vou só de breja, mesmo. então o filósofo continua: antes de ir embora, eu tenho um desafio; se você acertar, eu te devolvo a grana da pulseira: por que chamam o beque de baseado?
essa história de pensar sobre o tempo me deixou em conexão com aquela mente inquieta, então eu meio que adivinhava o que viria de resposta. mas eu queria garantir o baseado do meu mais recente amigo: não sei, parceiro. e a resposta vem mais ou menos como eu esperava, enriquecida de detalhes que eu não teria pensado. na guerra, cara, eles precisavam dum alívio, você não sabe como é por lá. a gente nunca sabe até viver aquilo. mas os caras precisavam dum alívio e trouxeram a maconha da áfrica, mas faltava seda pra bolar unzinho. aí os cara começaram a usar o papel que tinha pra queimar, boletim de guerra, documento confidencial, jornal, essas coisa!
você tá me dizendo, continuo, que baseado...
isso, cara, e ele também parecia estar conectado comigo e emendou no diálogo, vem de "baseado em fatos reais".
uma ideia aparece. aliás, um maluco cheio das ideias. quer comprar alguma coisa, começa o maluco, estou tentando juntar algum prum beque. não duvido que estava... e vai mostrando seus artigos, a maioria é artesanato. quanto a pulseira, pergunto apontando pra um trançado de barbante amarronzado e endurecido, decorado com uma pedra achatada também marrom. é dez, explica, me entregando a peça para avaliação. então eu vou contando as notas de dois da carteira e o cara desenrola outro assunto enquanto espera. tô vendo aí seu relógio, que será que fez a humanidade começar a medir o tempo, a dividir ele em hora, minuto e segundo, uma pergunta que eu vivo me fazendo. ótima pergunta, respondo, tentando dar um gancho para ver o que ele mesmo pensava sobre isso. não sei se é uma boa pergunta, conclui, o tempo virou mercadoria. ninguém mais tem tempo pro tempo.
novamente, o tipo de pensamento que passo o tempo todo pensando. e após um bom gole de cerveja em que ele não me acompanha, apesar da insistência, provoco: eu acho que não é bem a pergunta que te incomoda, mas a resposta.
o cara não diz nada, mas sua cara diz tudo. vou lá buscar a ganja, acrescenta, metade é sua. eu rio, mas me desculpo. hoje não, parceiro, tô de boa, vou só de breja, mesmo. então o filósofo continua: antes de ir embora, eu tenho um desafio; se você acertar, eu te devolvo a grana da pulseira: por que chamam o beque de baseado?
essa história de pensar sobre o tempo me deixou em conexão com aquela mente inquieta, então eu meio que adivinhava o que viria de resposta. mas eu queria garantir o baseado do meu mais recente amigo: não sei, parceiro. e a resposta vem mais ou menos como eu esperava, enriquecida de detalhes que eu não teria pensado. na guerra, cara, eles precisavam dum alívio, você não sabe como é por lá. a gente nunca sabe até viver aquilo. mas os caras precisavam dum alívio e trouxeram a maconha da áfrica, mas faltava seda pra bolar unzinho. aí os cara começaram a usar o papel que tinha pra queimar, boletim de guerra, documento confidencial, jornal, essas coisa!
você tá me dizendo, continuo, que baseado...
isso, cara, e ele também parecia estar conectado comigo e emendou no diálogo, vem de "baseado em fatos reais".
sábado, 2 de janeiro de 2016
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
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