Foi preciso que jornais alemães, franceses, húngaros, tchecos, ingleses berrassem para nós: - "Vocês são os maiores".Nas várias crônicas a gente verifica um Nelson exasperado: uma geração de craques brilhantes - artistas! - e praticamente toda a população e imprensa não sabendo reconhecer seu valor, exigindo que esses craques criativos tentassem imitar o futebol europeu. Só porque não podiam supor que brasileiros pudessem fazer um futebol melhor...
Bem, este post não é sobre esporte, mas sobre o viralatismo denunciado por Nelson Rodrigues: ele persiste e não é só no futebol, como já não era à época das crônicas. Talvez esteja ainda mais forte nestes tempos de redes socias. Não representa a totalidade do povo brasileiro, mas é uma parcela bastante ativa nessa tarefa que tomaram para si: odiar a própria brasilidade, isto é, sua condição de brasileiro. Desta forma, odeiam o samba, o funk e a lambada, os filmes e o carnaval, os escritores, o clima, a geografia, o governo, o caráter e o próprio povo brasileiro. Não conseguem imaginar um Brasil soberano, muito menos potência regional; na opinião deste conjunto de brasileiros, devíamos assumir logo nossa condição de colonizados, de seres inferiores. Seguem um estilo bem próprio de nacionalismo, baseado no ódio e na falta de empatia com o outro.
Naquele livro do Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma, aparece a ideia de que "ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil" (que parece ter se desenvolvimento originalmente com o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire). Mas acho que não, o pensamento deveria ser reescrito da seguinte forma: ou o Brasil acaba com o Complexo de Vira-Latas,ou o Complexo de Vira-Latas acaba com o Brasil. Não é só a torcida grande do contra que fode a bagaça, tão contaminando gente que não estava assim, pessimista.
Em outras palavras, por mais ingênuo, trapalhão e determinado que Policarpo seja descrito na obra, o fato é que estamos precisando de mais gente ao modo dele. Tá foda...
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